AS CRIANÇAS SÃO A MELHOR COISA DO MUNDO

São fonte de alegria e de sorrisos e raramente fingem quando estão doentes...
Este é mais um espaço que espero útil para aqueles que por cá passem ...

16/05/2010

AS GASTROENTERITES

Boa tarde. Tenho notado no serviço de urgência que as infecções respiratórias têm abrandado e que as infecções intestinais estão aí. A gastroenterite (gastro=estômago; entero=intestino; ite=inflamação) é uma doença muito frequente nas crianças, causada sobretudo por vírus, que pode durar 2-3 dias a uma semana. Esses vírus provocam alterações no estômago dando origem a vómitos e, chegando ao intestino, dão diarreia, às vezes com sangue e muco. As crianças podem ter febre associada e dor de barriga tipo cólica. Os vómitos e a diarreia são a forma inteligente (apesar de desconfortável) que o organismo tem em rejeitar algo que não lhe está a fazer bem e por isso, não gostamos de dar medicamentos para parar vómitos ou diarreia. A principal preocupação na gastroenterite é a desidratação e enquanto crianças maiores têm reservas e desidratam mais dificilmente (pelo menos de uma forma grave), o mesmo não se aplica a bebés pequenos. Assim, é preciso vigiar os sinais de desidratação que devem levar a consultar a linha Saúde 24 ou o médico assistente: ausência de lágrimas, ausência de baba, língua seca, olho encovado, prostração, irritabilidade, não fazer chichi e sangue abundante nas fezes ou nos vómitos. Ofereça comida ao seu filho, mas não insista (nao lhe dê gorduras ou legumes verdes). O mais importante é hidratá-lo. Ofereça leite e água (aos golinhos se estiver a vomitar) e melhor do que água são os soros de hidratação oral disponíveis na farmácia (porque além de agua perdem sal nos vómitos e na diarreia). Não lhe dê sumos ou refrigerantes porque têm muito açúcar e provocam mais diarreia. Se tiver febre use paracetamol. Lave bem as mãos para não ficar também doente.

MB

07/05/2010

TRAUMATISMO CRANIANO

O nome traumatismo craniano assusta muito mas não é mais do que o próprio nome indica: uma pancada na cabeça (por queda, por bolada, por embate,...). As crianças pequenas costumam ter vários traumatismos cranianos mínimos quando começam a andar (ou a correr), geralmente sem importância. Batem com a cabeça, caem, levantam-se, fazem beicinho, choramingam um pouco sobretudo quando os pais vêem e continuam a brincar. Por vezes podem fazer pequenas feridas, que se forem escoriações apenas precisam de gelo e desinfecção mas se forem feridas abertas têm de ser avaliadas porque podem precisar de cola biológica, uns pensos especiais ou mais raramente de "coser".

Agora, atenção:

Aos bebés que a partir dos 4, 5 meses rebolam e caem da cama dos pais (ai Dra. mas fui ali só um segundo) ou aos recém-nascidos que caem do colo dos irmãos ou aqueles que caem dos ovos que estão em cima de mesas e cadeiras!! (O ovo é para estar no chão!)

Em qualquer idade atenção a estes sintomas após traumatismo: perda de conhecimento, vómitos persistentes, comportamento estranho, alterações visuais, movimentos estranhos como convulsões e dores de cabeça intensas.

MB

05/05/2010

A obstrução fisiológica do canal lacrimal

A propósito de mais um e-mail. A maioria das pessoas não sabe mas desconfia que há um canal que liga os olhos ao nariz. De outra forma pensarão que choramos ranho o que sendo divertido é, seguramente, menos romântico. Adiante. Nós, os humanos (os que não o fazem são monstros), produzimos lágrima de forma constante. Esta lágrima serve para lubrificar o olho e impedir que haja lesão da córnea (é importante, acreditem) quando piscamos os olhinhos. Para não andarmos sempre a chorar a lágrima é escoada pelo canal naso-lacrimal. Ora os pequenitos têm, por vezes, o canal estreitado no sitio onde está a seta que desenhei sozinha no paint. Este fenómeno leva à acumulação de lágrima no olho, que seca e inflama com regularidade dando origem a um quadro de conjuntivites de repetição. Sendo rigorosa a maioria destas conjuntivites são víricas e só precisam de uma limpeza mais insistente com soro fisiológico dispensando os antibióticos. A evolução natural é que o canal adquira uma dimensão normal e o problema desapareça com o crescimento. Logo é esperar e não tratar demasiadas vezes. Há casos particulares em que as crianças devem ser operadas como quando fazem dacriocistites (infecção da glândula lacrimal) de repetição mas são os casos mais raros. Se restarem dúvidas podem consultar um oftalmologista.
Dra Muxy

Agora para o que interessa

Uma das nossas leitoras perguntou-nos qual seria a altura ideal para integrar um filho no infantário. É uma pergunta bicuda e sem resposta segura. Sejamos no entanto práticos.

A integração no infantário é, habitualmente, mais do que uma vontade, uma necessidade dos pais. Por isso os bebés vão para “escola” entre os 4 e os 5 meses altura em que as mães são obrigadas (é mesmo isto) a ir trabalhar. Daqui resulta uma enorme culpa que não devia existir. A consequência mais trágica disto é o bebé cumprimentar todos os bicharocos que os outros bebés transportam. São muito sociáveis e amigas dos animais as crianças. Depois andam com ranho no nariz de Outubro a Março o que desespera muito boa família mas, em rigor, não é grave. Acreditem, podem ter febre 20 vezes cada Inverno e não lhes causa dano.

Depois há os miúdos com problemas em que o infantário pode ser útil. Os que não gostam de comer ou se recusam a crescer e a participar da vida da família recusando uma coisa tão simples como a ingestão de sólidos. Aqui o comportamento de imitação do grupo pode ajudar a ultrapassar estas manias. Os pequenos recusam comer porque manipulam a atenção dos pais a seu favor, mandam no que comem e usam a refeição como palco das suas frustrações ou angústias – a ser honesta são birras mas, há que manter o nível. Na escolinha eles comem porque copiam e, quando não o fazem, passam fome.

Por ultimo, as situações em que o conforto é total. Os putos são fixes, comem, dormem e fazem cocó (é a santíssima trindade do bom funcionamento), tal como os pais querem. Existem avós disponíveis e com tempo para os netos, ou pais que não precisam de trabalhar. Neste caso, a idade ideal será por volta dos três anos. Normalmente, os crianços já controlam os esfíncteres (largaram as fraldas) durante o dia, têm uma capacidade de socialização mais alargada (até esta idade eles conseguem socializar com a família e miúdos mais velhos mas, atenção: socializar não é vender sorrisos e gargalhadas) e, muito importante, têm um sistema imunitário mais capaz. Logo, produzem menos ranho e dão menos angústias aos pais.


Dra Muxy

Notas de importância extrema

Quem me conhece do outro blogue, o dos sapatos e da rambóia, saberá que a seriedade e a rigidez não fazem parte das minhas características fundamentais. Por isso não esperem de mim medidas inflexíveis para aplicar aos vossos filhos, o que configuraria um abuso e uma enorme falta de respeito pelos vossos dons intelectuais. O que aqui se pretende é esclarecer dúvidas. Fundamentalmente devolver a quem de direito (os pais) a enorme responsabilidade e prazer de cuidar dos filhos.
Dra. Muxy

04/05/2010

Olá a tod@s

Peço desde já desculpa por ter demorado tanto o início da minha colaboração neste blogue. Espero corresponder às vossas expectativas e aliviar a MB do trabalho que tem tido sozinha.
Ainda agora entrei e já começo a inventar. A primeira coisa é usar dois e-mail para que possam colocar questões. O primeiro é o meu mail paracucaginguba@gmail.com e o segundo é momentospediatricos@gmail.com que acabei de criar.
A segunda coisa é que vamos moderar os comentários. Desta forma conseguimos ler TODAS as perguntas e responder a cada uma individualmente. Parece-me mais simpático.
Por fim vou tentar etiquetar os posts de forma a que possa haver uma leitura mais sistematizada do blogue.
Um bejinho a todos e muito obrigado à dra-MB pela ideia e pelo convite.
Dra. Muxy

PROTECÇÃO SOLAR

Protectores solares? Quais? Acima do factor 50 e que proteja contra Ultra Violetas A e B. Quando? Sempre que esteja exposto à luz solar: basta um passeio na rua e claro na praia ou piscina! E além do protector solar? Chapéu de sol, t-shirt e muito importante, óculos de sol! A retina das crianças é muito sensível e deve ser protegida contra os ultra-violetas. Com o calor é muito importante oferecer líquidos. Hidratar, hidratar, hidratar!!! Evitar as horas de maior exposição solar: das 11 às 16 horas e não pôr bebés antes dos 6 meses de idade sob sol directo. E uma última palavra, mas extremamente importante: SEGURANÇA! As crianças afogam-se. Infelizmente é a nossa realidade que se vai repetindo, tanto na praia, como na piscina. Não deixem as crianças sozinhas: elas podem afogar-se num palmo de água (a cabeça dos bebés pequenos pesa muito).

MB

02/05/2010

DIVERSIFICAÇÃO ALIMENTAR

A introdução de outros alimentos que não o leite designa-se por diversificação alimentar e deve ser feita entre os 4 meses e os 6 meses. Normalmente, quando os bebés fazem aleitamento materno exclusivo, introduzem-se os alimentos a partir dos 6 meses; nas outras situações começam a comer aos 4 meses. A ideia é, ir progressivamente substituindo as várias refeições de leite, de modo a que pelos 12-18 meses partilhem das refeições dos adultos. Os alimentos sólidos nunca devem ser dados no biberão. A diversificação alimentar pode ser iniciada com sopas de legumes ou papas. Pessoalmente, prefiro iniciar pela sopa, porque é menos calórica e menos doce do que a papa. Deve ser inicialmente feita uma sopa base com cenoura, batata e um fio de azeite e ir juntando com um intervalo de pelo menos quatro dias um novo alimento, para se identificar alguma alergia potencial (courgette, alho francês, bróculos, nabo, couve, etc. Por volta dos 6 meses pode introduzir-se carne na sopa (frango, perú, borrego, vitela), aos 8 meses, massa, arroz, peixe e gema de ovo e perto do ano, a clara de ovo. As leguminosas (feijão, grão, ervilhas) devem ficar para depois dos 9 meses. As sopas podem ser preparadas e congeladas para uma semana. Pode oferecer-se maçã, pêra ou banana cozida ou em puré depois da sopa. Estas frutas são suficientes para fornecer os nutrientes necessários ao bebé, mas se quiser variar, deixe os frutos vermelhos (morango, amora), pêssego, kiwi e citrinos para depois dos 9 meses. Os boiões de frutas devem ficar para SOS. As papas podem ser oferecidas 15 dias depois do início das sopas e existem as lácteas (para preparar com água) e as não lácteas (para preparar com leite). Até aos 6 meses devem ser sem glúten (proteína que pode provocar alergias). Deve começar-se por papas simples, de um sabor, em vez daquelas multifrutas/multicereais. Até aos 9 meses, os iogurtes devem ser próprios para lactentes, e a partir daí podem comer iogurtes naturais. O leite de vaca em natureza só deve ser introduzido depois dos 12 meses. A partir daí, o bom senso dita as refeições das crianças: atenção a alimentos com que se possam engasgar (azeitonas, amendoins,..). Se houver alguma alergia alimentar conhecida nos pais, esta deve ser conhecida pelo médico assistente da criança. Queria aqui dizer que existem muitas teorias que podem encontrar sobre a diversificação dos alimentos e na verdade, há muito poucas coisas erradas e as coisas têm vindo a mudar.


A Sociedade Europeia de Pediatria que se dedica à nutrição aconselha:


- o aleitamento materno exclusivo o maior tempo possível, de preferência até aos 6 meses;


- a introdução dos alimentos entre os 4 e os 6 meses (a partir dos 6 meses, o leite não é suficiente para fornecer energia e nutrientes adequados ao crescimento e por isso, crianças que se alimentam mal e "abusem" de leite podem ter carências nomeadamente anemia por falta de ferro);


- a introdução do glúten entre os 4 e os 7 meses, de preferência sob aleitamento materno;


- a introdução do leite de vaca em natureza após os 12 meses;


Não está provado que introduzir tardiamente alimentos potencialmente alergénicos como o peixe ou ovo, reduza o risco de alergias nos bebés;


- as crianças com dieta vegetariana devem consumir pelo menos 500 mL de leite e ter uma alimentação variada que forneça nutrientes adequados ao correcto crescimento (aconselhe-se com uma nutricionista/dietista ou com o médico assistente). O veganismo não é aconselhável.


MB

01/05/2010

PROGRAMA NACIONAL DE VACINAÇÃO E OUTRAS VACINAS

O Programa Nacional de Vacinação é gratuito, universal e acessível a todas as pessoas. As vacinas salvam vidas e evitam sequelas importantes e por isso é fundamental fazê-las. Do nosso plano fazem parte as seguintes vacinas: Tuberculose, Hepatite B, Difteria, Tétano, Tosse convulsa, Doença invasiva por Haemophilus influenzae tipo b e Meningoco C, Sarampo, Papeira, Rubéola, Poliomielite e recentemente a do Cancro do Colo do útero (na parte inferior do blogue está o plano de vacinas; também o encontram na última página do livro rosa/azul da criança). Existem outras vacinas que não fazem parte deste plano, e vou falar-vos de duas ou três:

1) Vacina contra o Pneumococo (Prevenar ou Synflorix): protege contra algumas doenças mais frequentes como otites e outras mais graves, como pneumonias e meningites. Toda a classe pediátrica aconselha esta vacina e pensa-se que até ao final do ano pertencerá ao programa nacional;

2) Vacina contra o Rotavírus (Rotateq ou Rotarix): protege contra as gastroenterites (infecção do tubo digestivo) causadas por este vírus;

3) Vacina contra a Gripe Sazonal: protege contra as estirpes que causam a gripe sazonal e pode ser dada a todas as crianças, mas algumas têm indicações precisas para o fazer, como por exemplo, os asmáticos.

Os esquemas das vacinas devem ser respeitados e se alguma mudança houver deve ser por prescrição médica. Existem muito poucas contra-indicações para não fazer vacinas (por ex.: estar constipado não é impeditivo). Se fôr viajar, informe-se quais as vacinas obrigatórias no país em questão e, de preferência, realize uma consulta do viajante.

MB