A introdução de outros alimentos que não o leite designa-se por diversificação alimentar e deve ser feita entre os 4 meses e os 6 meses. Normalmente, quando os bebés fazem aleitamento materno exclusivo, introduzem-se os alimentos a partir dos 6 meses; nas outras situações começam a comer aos 4 meses. A ideia é, ir progressivamente substituindo as várias refeições de leite, de modo a que pelos 12-18 meses partilhem das refeições dos adultos. Os alimentos sólidos nunca devem ser dados no biberão. A diversificação alimentar pode ser iniciada com sopas de legumes ou papas. Pessoalmente, prefiro iniciar pela sopa, porque é menos calórica e menos doce do que a papa. Deve ser inicialmente feita uma sopa base com cenoura, batata e um fio de azeite e ir juntando com um intervalo de pelo menos quatro dias um novo alimento, para se identificar alguma alergia potencial (courgette, alho francês, bróculos, nabo, couve, etc. Por volta dos 6 meses pode introduzir-se carne na sopa (frango, perú, borrego, vitela), aos 8 meses, massa, arroz, peixe e gema de ovo e perto do ano, a clara de ovo. As leguminosas (feijão, grão, ervilhas) devem ficar para depois dos 9 meses. As sopas podem ser preparadas e congeladas para uma semana. Pode oferecer-se maçã, pêra ou banana cozida ou em puré depois da sopa. Estas frutas são suficientes para fornecer os nutrientes necessários ao bebé, mas se quiser variar, deixe os frutos vermelhos (morango, amora), pêssego, kiwi e citrinos para depois dos 9 meses. Os boiões de frutas devem ficar para SOS. As papas podem ser oferecidas 15 dias depois do início das sopas e existem as lácteas (para preparar com água) e as não lácteas (para preparar com leite). Até aos 6 meses devem ser sem glúten (proteína que pode provocar alergias). Deve começar-se por papas simples, de um sabor, em vez daquelas multifrutas/multicereais. Até aos 9 meses, os iogurtes devem ser próprios para lactentes, e a partir daí podem comer iogurtes naturais. O leite de vaca em natureza só deve ser introduzido depois dos 12 meses. A partir daí, o bom senso dita as refeições das crianças: atenção a alimentos com que se possam engasgar (azeitonas, amendoins,..). Se houver alguma alergia alimentar conhecida nos pais, esta deve ser conhecida pelo médico assistente da criança. Queria aqui dizer que existem muitas teorias que podem encontrar sobre a diversificação dos alimentos e na verdade, há muito poucas coisas erradas e as coisas têm vindo a mudar.
A Sociedade Europeia de Pediatria que se dedica à nutrição aconselha:
- o aleitamento materno exclusivo o maior tempo possível, de preferência até aos 6 meses;
- a introdução dos alimentos entre os 4 e os 6 meses (a partir dos 6 meses, o leite não é suficiente para fornecer energia e nutrientes adequados ao crescimento e por isso, crianças que se alimentam mal e "abusem" de leite podem ter carências nomeadamente anemia por falta de ferro);
- a introdução do glúten entre os 4 e os 7 meses, de preferência sob aleitamento materno;
- a introdução do leite de vaca em natureza após os 12 meses;
Não está provado que introduzir tardiamente alimentos potencialmente alergénicos como o peixe ou ovo, reduza o risco de alergias nos bebés;
- as crianças com dieta vegetariana devem consumir pelo menos 500 mL de leite e ter uma alimentação variada que forneça nutrientes adequados ao correcto crescimento (aconselhe-se com uma nutricionista/dietista ou com o médico assistente). O veganismo não é aconselhável.
MB